segunda-feira, 9 de abril de 2007

(r)Evolução? Não...

Dá-se uma (r)evolução musical
Enquanto falamos sobre o tempo
O tempo não pára e vais caindo na real
Se sonhaste acordado, andas errado - lamento.

Também eu sonhei muitas vezes o real
Sem nunca perceber o que (me) estava a acontecer
Mas realmente só na mente se vive tal sentimento:
Felicidade de verdade - sonhar é o meu tormento.

Críticos e censuras em repúblicas e ditaduras,
Vai dar tudo à mesma shit
O único objectivo é domesticarem o meu beat
Ou sacarem-me o meu guito mas...editoras?

...p'ra quê? P'ra passar no estéreo
E papar pitas enquanto resolvem o mistério
Do porquê de passar som
De alguém que ninguém leva a sério??!

Agora tudo joga à mama
Já ninguém joga bonito
Preferem pagar uma mamada
Do que sacar um bom pito.

A rádio já só sabe
O que lhe pagam para saber
Porque o amor à camisola
Já não faz ninguém correr mas...músicos?

...é o que por aí não falta,
Com saúde e alento,
Muita vontade e talento
Já só falta 'o' conhecimento
Num qualquer departamento, certo?
"Certo! Mas se falta então salta
Porque tu vens da Valleta,
Mas da Tuga não de Malta"


Políticos semíticos a correr pelo não
Se ainda há abandonos é porque não há opção
Se ser político é isso
Prefiro ser cidadão mas...políticos?

...daqui não vão levar nada,
Ainda assim não me falta
Muita conversa fiada e uma boa fachada
"Faz lá a tua chamada..."


JoãOliveira
08.Abr.2007

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Visita Guiada


Já não me lembro muito bem quando é que me lembrei do termo Almada Cru. Lembro-me sim de ter pedido a uma amiga para me fazer um 'logo' ou arranjar uma fonte bem 'fat' para poder imprimir as palavras numa t-shirt para usar num concerto. O trocadilho com a palavra importada 'crew' (bando ou, nalguns casos, gang) – que se quer jocoso, já que não tenho nenhum – dá espaço para muita coisa no meu imaginário. Não me consigo dissociar da cidade onde cresci e que me muito tem crescido nos últimos anos, e há de facto uma certa "crueza" em Almada – não num sentido mau da palavra, mais numa certa pureza de sentimentos e actos em que me revejo totalmente. É um pouco difícil explicar – a minha namorada alfacinha que o diga, ainda está a tentar digerir o facto de eu ir tatuar o Cristo Rei com as mesmas palavras – mas inevitável sentir.


Durante esta semana aconteceu um episódio caricato e assustador a um tempo, no Festival de Glasgow, Escócia. Cláudia Dias, no espectáculo de dança contemporânea 'Visita Guiada' onde descreve o quotidiano na Margem Sul, usa um cigarro como parte da performance. Num país onde a proibição de fumar em tudo o que é sítio é quase fascizante e nomes como Keith Richards dos Rolling Stones foram severamente multados por fumar num palco, a Cláudia decidiu não excluir da sua peça um elemento que diz ser fundamental, ainda para mais pela razão apresentada, sob a pena de não poder fazer o espectáculo. E assim foi. Numa entrevista à SIC disse "quando a concessão é no sentido de uma castração, nós, artistas, temos a responsabilidade e temos que ter a sensibilidade para a questão política, e devemos dizer não." E muito bem, digo eu. Directamente da minha querida cidade, Cláudia e 'Visita Guiada' seguem para Barcelona, Atenas e Lille, de consciência tranquila. Almada Cru? Obviamente.


Crónica do Pac
Revista Domingo