Podes Fugir Mas Não Te Podes Esconder

Pára, escuta e olha.
Procura dentro de ti tudo o que te esforças por esconder
O pesadelo que te atormenta e não te deixa adormecer.
Tornaste-te presa e predador de uma caça sem fim
O estereótipo de uma raça que se expande por folhetim.
Vives obcecado em agradar pelo desagrado,
Comandado pelo que julgas ser mais nobre e apreciado.
Não passas de um fantoche entregue ao seu triste fado.
És o fruto da tua própria criação
Do domínio por imposição de uma falsa razão
O feitiço virou-se contra o feiticeiro
E o resultado revelou-se fatal e derradeiro.
A vergonha que sentes quando te vês no espelho
É a sentença que te foi dada em tapete vermelho.
Mas ainda há tempo, antes de chegares a velho,
De mudares a imagem que vês no espelho.

Mais vale acreditarmos naquilo que somos
Do que mudar aquilo em que acreditamos.
Podes fugir mas não te podes esconder
Vem do teu ser, não deves ter nada a temer.

Deixa cair a máscara que insistes em manter
Não te levará a lado nenhum a não ser sofrer até morrer.
Sentes que tudo o que fazes e dizes é encenado,
Mas agora pára e pensa um bocado
Pra quê insultar as pedras que te fizeram cair?
Tenta antes reconhecê-las pra que não se volte a repetir.
Esquece o complexo de desiludir quem te rodeia,
Já ninguém acredita na Pequena Sereia.
Somos bons ou maus por natureza?
Deixa isso pr’amanhã e desfruta a verdadeira beleza da vida
Tem de haver tolerância e compreensão e porque não?
Fomos feitos do mesmo molde ou não?
Na verdade tinha defeito e continuamos a pagar por isso.
Lançou-se sobre nós como um implacável feitiço.
Caga nisso, afinal de contas esta vida são dois dias
E já perdemos um a tentar decifrar as suas vias.

Sandra Costa