quinta-feira, 27 de abril de 2006

Fim da Ditadura



[revolucionário]
“Yo Valete! O people está a preparar um K.O. definitivo à América.
Vai haver uma concentração clandestina no México, em Guadalajara e queremos saber se vais ou não?”

[Valete]
Eu sou Valete, bro, e sempre quis ser regicida,
Sacrificar a vida pela maioria oprimida,
Sem contrapartida pela revolução sou suicida,
Reserva um bilhete de ida para mim, estou de partida
E vou com o anti-americanismo que Mao Tse Tung propagandeara,
Com a filantropia com que Platão revolucionara outrora,
Com aquele Marxismo que Trotsky impulsionara,
Estou farto da senzala, tchau, só me galas em Guadalajara!
A minha aversão ao imperialismo não sara,
Não quero fama nem glória, dá-me só uma t-shirt do Che Guevara,
Põe-me num 7-4-7, México aqui vou.
Viajo lembrando como a segunda torre se desmoronou,
Depois de 15 horas de voo meu boeing aterrou.
Já fora do aeroporto houve um bro que me identificou:

[bro]
“Irmão Valete eu vim-te buscar para a concentração,
Entra no carro só faltas tu para começar a acção.”

[Valete]
Man chegámos ao ponto rapidamente, assim clandestinamente,
Provavelmente eu nunca vira pela frente tanta gente,
Era uma cidade subterrânea cheia de dissidentes,
Só resistentes e combatentes naquele contingente.
Eu vi Sardar, Saramago, Mia Couto e Chomsky,
Também vi os mentores do atentado em Nairobi,
Nipónicos para vingar Hiroshima e Nagasaki,
Fidel Castro, Arafat, Chavez e Khadafi,
Activistas do Hamas, Jihad e Hezbollah,
Zapatistas, Talibãs e bombistas da Fatah.
Todos diferentes mas com um objectivo em comum:
Acabar com esta ditadura que a América implantou!!!
A sede de vingança deixava todo o exército operante,
Deram o sinal para nos reunirmos numa sala gigante.
Em cima do palanque estava um fulano que elaborava o plano,
Com style de saudita ou iraquiano, só queria saber quem é esse mano?
Deixava toda a gente focada enquanto ele liderava.

[revolucionário II]
“Yo Valete é o Bin Laden!”

[Valete]
“Bin Laden??!!!”

Bin Laden!
Voz alterada, sem barba e com cara totalmente modificada.
Eu não o curtia mas ele era o que a América merecia:
Radical, sem diplomacia, assim como se exigia.
Formulou o plano perfeito para a revolução que se pretendia,
Tínhamos túneis subterrâneos até à cidade de Alexandria.
Hackers bloqueavam a informação da NSA e da CIA,
Tínhamos M1’s, F 16’s e muita artilharia, eu ria.

[informador]
“Informação, informação:
As bases militares americanas em todo o mundo, já estão controladas pelas FARC, Al Qaeda e milhões de civis revoltosos.
O ataque aéreo ao pentágono está previsto para as 3h e 36m;
Os ataques bombistas serão às 3h e 42m;
A invasão à Casa Branca ficará para 4h e 28m;
Já sabem o que têm a fazer!”

[Valete]
Era um batalhão de insubmissos para acabar com aquela arrogância.
Estava incluído na missão Invasão à Casa Branca
Que seria reforçada pelo movimento Black Panther,
Garanto que a América nunca vira tanta encrenca.
Fomos pelo túnel a dentro e chegámos em meio-dia,
Alexandria tinha como Washington cidade vizinha,
E quando lá cheguei era inenarrável o que eu vira…
A América já ardia rendida à nossa investida.
Ficaram na defensiva, deixámos tropas sem vida,
Éramos só homicidas com ira, topa a chacina.
Numa outra ofensiva o edifício da ONU caíra,
Largámos bué da mísseis em New York, Carolina
Califórnia, Louisiana, Detroit e Virgínia,
Geórgia, Indiana, Illinois, Pensilvânia e Kansas.
Ás quatro e um quarto já estava tudo controlado,
Nossos soldados já tinham a rádio, a tv e o Pentágono,
Passado mais um bocado Fidel leu o comunicado:
“Acabou a ditadura!”, podes crer é o golpe de estado!
…e à porta da Casa Branca fiquei com Bin Laden a sós,
Disse-lhe sem hesitar um coche: “Deixa-me liquidar o George”,
Ele esboçou um sorriso e olhou-me fundo nos olhos,
Sentiu segurança na minha voz e passou-me uma kalashnikov.
Era só ódio destrutivo na minha cabeça,
Kalash fui exibindo, man, assim a dar paleta,
Eu fui o homem escolhido, man, para ditar a sentença,
Olha o meu peito erguido, man, para vingar o planeta.
Entrei na Casa Branca, man, assim cheio de moral,
Nossos snipers iam abatendo a escolta presidencial,
Eu andava no piso inferior, de corredor em corredor,
Abria porta a porta à procura daquele estupor,
Vi a porta dos fundos, senti um feeling interior,
Abri… “Até que enfim seu ditador!
Agora sente o pavor,
Vais pagar pela tua merda e pela dos teus antecessores.
Isto é pelas vítimas das guerras que vocês fabricaram,
Pelas bocas que morreram pela falta de pão que vocês negaram,
Pelo terror que semearam, alastraram, perpetuaram,
Pelos homens e mulheres que as vossas bombas mutilaram,
Pelo suor dos trabalhadores que vocês escravizaram,
Pela alma deste planeta que vocês danificaram!!!!


Valete
Poesia Urbana Vol. 1

7 comentários:

K®is†Ø ™ disse...

É esta a minha celebração do 25 de Abril.


beijinhos&abraços
Fica Bien, haZZZta, Krist0

Anónimo disse...

Uma das coisa fascinantes do dia de "25 de Abril" é o facto não ter havido sangue nas ruas...puta de imagem!!!

De que adianta encher a boca e a cabeça de ideias e grandes filosofias se depois na practica é raro aquele que não é um cabrão de merda. Uns mais outros, outros menos mas ninguém presta verdadeiramente.

Mas sim, abaixo as ditaduras!


BGEB, Xaitii*

K®is†Ø ™ disse...

A foto está relacionada com o poema, o poema é que está relacionado com o 25 de Abril por ser o dia D.

Quando são possíveis revoluções sem derramamento de sangue melhor - daí o nosso 25 de Abril ser tão bonito e alegre - mas como já tem vindo a ser dito "A man's gotta do what a man's gotta do!"


Beijinhos & Abraços
Fikem Bien, haZZZta, Krist0

Anónimo disse...

Amigo...isto não é um fórum, shhhh caladinho!!!


hihihi (foi só p irritar e claro que isto é para apagar :P).


Beijinhos e abraçinhos mas só para ti*
Xaitii*

Anónimo disse...

O 25 de Abril foi história, foi um marco. É louvável por aquilo que representou e pela gente que uniu.
Mas o que veio depois não soube ser digno de tal revolução.

Mas para um país que já dominou meio mundo e agora ninguém sabe onde fica... Já era de esperar.

Vantunes disse...

Este escapou-me senão nunca deixaria de comentar um grande som do Valette, tb conhecido na Damaia como Keidje (bom jogador da bola, durinho, lol, a ver se falo com o Sá para o levar num próximo Derby).

Valette allways keeps it real.

Artemis * disse...

"Até que enfim seu ditador"
nada melhor que um final feliz
beijao